segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O FUTURO DO EURO

Os mercados obrigacionistas têm desprezado os 85 biliões (113.000.000.000 dólares) de fiança oferecida à Irlanda em 28 de Novembro. Os juros da dívida têm aumentado não só para a Irlanda mas para Portugal, Espanha, Itália e até mesmo a Bélgica. O euro caiu de novo. A um resgate segue-se outro, os votos solenes dos líderes da UE que um desmembramento da moeda única é impensável e impossível parece ter perdido o seu poder de convencer. Isto está a levar muitos a interrogarem-se se o euro pode sobreviver. O caso contra isto é que os cidadãos europeus não podem viver mais sob o seu jugo. Na periferia da Europa alguns anseiam de serem poupados dos anos de austeridade necessários para os salários e os preços se tornarem competitivos. No dominado núcleo alemão eles estão fartos de pagarem pelas irresponsabilidades de outros países e receiam isso, como credores e irão sofrer se o BCE inflacionar longe os retardatários das dívidas.
A história financeira está cheia de acontecimentos que se desviaram do impensável para o inevitável a uma velocidade de tirar o fôlego: a Grã-bretanha deixou o padrão do ouro em 1931 e a Argentina abandonou o seu dólar em Janeiro de 2002. Mas a queda do Euro irá trazer consigo improcedentes técnicos, custos políticos e económicos.
A ruptura podia acontecer de duas maneiras. Um ou mais membros fracos (Grécia, Irlanda, Portugal, e talvez Espanha) podiam sair presumivelmente para desvalorizarem a sua moeda nova. Ou uma conjunta coligação Alemã, possivelmente com os Países Baixos e Áustria, poderia deixar o lixo do euro e restaurar a marca D que iria então aumentar.
Em ambos os casos os custos seriam enormes. Para começar as dificuldades técnicas da reintrodução da moeda nacional, a reprogramação dos computadores e máquinas de venda automática, cunhagem de moedas e impressão de notas serem enormes (foram necessários três anos de preparação para o euro). Qualquer sugestão de que um País fraco estava prestes a deixar o euro, levaria a uma corrida aos depósitos bancários, enfraquecendo ainda mais os bancos em dificuldades. Isto resultaria em cortes de financiamento e talvez limites para levantamentos bancários o que iria estrangular o comércio. Abandonando o euro seria cortado o financiamento estrangeiro talvez por anos e além disso esfomear as suas economias de fundos.
O cálculo seria apenas ligeiramente melhor se a Alemanha escapa-se do euro. Novamente haveria corridas bancárias na Europa com os depositantes a fugirem dos Países mais fracos, levando á reintrodução de controlo de capitais. Mesmo que os bancos alemães ganhassem mais depósitos, os seus grandes activos no mercado da zona euro desceriam: a Alemanha lembre-se é o maior credor do sistema. Por último os exportadores alemães tendo sido os grandes beneficiários de uma única moeda mais estável iriam gritar ao serem desembarcados outra vez numa aguçada subida da marca D.
Se as economias pulassem separadamente do olhar duvidoso do euro, os riscos políticos detonariam uma reacção em cadeia que poderia ameaçar a estrutura do mercado único e da própria União Europeia. A UE e o euro foram as âncoras da Alemanha no pós guerra. Se ela abandona-se a moeda com um alto custo, e deixa-se o resto da zona euro afastar-se por si mesmo, o seu compromisso com a União Europeia estaria em dúvida.
Se um País fraco saísse, arriscando não só os bancos europeus mas também a moeda isso iria exportar a sua dor para os seus vizinhos. Depois de os controles de capital estarem no seu lugar os mercados financeiros da Europa estariam em frangalhos o que seria difícil para preservar o comércio transfronteiriço Europeu. O colapso de um único mercado colocaria em risco a própria UE. No entanto, os países agora podem pesar muito a adesão ao euro, deixando-o não faz sentido. Mas o facto de que deveria sobreviver, não significa que ele irá.
A recuperação de uma moeda única
Os líderes europeus têm sido lentos e tímidos em resposta às pressões do mercado. A Grécia e a Irlanda foram forçadas a isso, relutantemente em fianças externas. Só tardiamente é que eles reconheceram que alguns países não estão apenas na necessidade de empréstimos como podem ser incapazes de pagarem na totalidade as suas dívidas. Isto quer dizer que alguma dor tem que ser infligida aos obrigacionistas. Esta será mais fácil de conseguir agora que os governos da zona euro concordaram em questões da dívida soberana que a partir de 2013 deverá conter cláusulas de acção colectiva que param o bloqueio ofertas de investidores. Tal conversa é inevitavelmente impopular nos mercados. No entanto as perdas devem ser possíveis se os investidores se distinguirem entre os emissores de dívida soberana.
Se o euro é para sobreviver, os países credores tem necessidade de dar uma ajuda aos países deficitários. Eles podem fazer isso directamente, ou o BCE poderia fornecer liquidez aos bancos ou comprar títulos do governo antes que caiam muito. Ele indicou que pode começar a fazer esta última de novo. A Alemanha odeia a ideia de mais ajuda aos países devedores, dai a sua lentidão para aceitar fianças externas e a sua determinação em punir os obrigacionistas. Sua relutância para subsidiar os fracos e perdulários é compreensível mas a alternativa é pior.
O rompimento do euro não é impensável, apenas muito caro. Porque eles se recusam a encarar a possibilidade de que isso poderá acontecer, os líderes europeus não estão a tomar as medidas necessárias para evitar tal situação.

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