quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SER FUNCIONÁRIO PÚBLICO JÁ ERA

Foi a profissão com que sonharam três gerações de europeus, em nome da segurança e das vantagens associadas ao estatuto de “foncionaire”, “civil servant”, Regierungsbeamter”, “statale”, ou “funcionário público”. Ao contrário dos trabalhadores do setor privado, o funcionário não podia ser despedido como tinha a garantia de que o seu empregador não iria à falência. No entanto, depois de a crise grega ter recordado à Europa que um Estado também podia ir à bancarrota, os funcionários parecem-se cada vez mais com quaisquer outros assalariados com tendência com o decorrer do tempo a nivelarem-se por igual face ao que está a ocorrer na Europa e em particular em Portugal. Todos os governos Europeus dos liberais britânicos aos franceses defensores do controlo estatal começaram a baixar salários, a suprimirem subsídios e número de trabalhadores na função pública a fim de reduzirem os défices colossais e de”tranquilizarem os mercados”. O recorte pertence ao primeiro-ministro David Cameron com a supressão de 490 mil “civil servants” pela Spending Review (o orçamento provisório do Estado). Na realidade o número de postos suprimidos poderá ser mais elevado: segundo o Chartered Institute of Personnel and Development ou CPID (Instituto, habilitado por decreto real, para a formação e gestão de pessoal), “ se a coligação respeitar o seu programa de despesas a longo prazo”, haverá “750 mil supressões até 2015-2016”. As pessoas que se reformam não serão substituídas e um grande número de funcionários são simplesmente despedidos. Em França bloquearam-se os salários e não substituir metade dos funcionários que se reformem. Desde 2007, desapareceram 100 mil postos de trabalho e, em 2011,foram suprimidos mais 31 638. Em Portugal depois de se ter congelado os salários em 2010 e 2011 reduziu-se o salário em 5% e por outro lado congelaram-se as promoções e as contratações. Prevê-se ainda a redução de 30000 trabalhadores até 2014 exigida pela TROIKA o que equivale entre 2% a 3% do número total dos mesmos.
Na Grécia, o Governo de Georges Papandréou baixou os salários públicos, congelou as contratações, aumentou a idade de reforma e suprimiu tal como cá os subsídios de Natal e de férias.
Na República Checa os salários desceram 10% e na Letónia os trabalhadores do setor público perderam em média 30% dos seus rendimentos. Todos os países foram afectados incluindo a rica Alemanha onde irão desaparecer até 2014, 15 mil funcionários.
A Eurocracia está afetada. A austeridade acabou por atingir a nova fronteira do emprego público: a rica, cosmopolita e cobiçada (fronteira) dos funcionários da União Europeia. Em Portugal face ao problema da maturidade da dívida com vencimento a longo prazo que enfrentaremos terão que se reduzir ainda mais os funcionários públicos para além de outras medidas adicionais para conseguirmos endireitar o barco porque senão o que os portugueses irão enfrentar um lento definhar e morte anunciada com consequências imprevisíveis cujo fim irá ser a saída da moeda única. É caso para dizer o dinheiro (pilim, guito) fácil acabou agora mais do que nunca teremos que começar a depender unicamente de nós próprios porque o mesmo já era.

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