sábado, 12 de maio de 2012

NOURIEL ROUBINI E ARNAB DAS - A ZONA EURO PRECISA DUM DIVÓRCIO


Como um casamento que já não funciona, a zona euro deve aceitar o seu destino, separar-se e divorciar-se, segundo a Roubini Global Economics.
Escrevendo no Financial Times, o presidente Nouriel Roubini e o Diretor Arnab Das argumentam que, enquanto o  Banco Central Europeu (BCE)  gémeo do longo prazo refinanciamento alargado (LRTO) - em que o BCE ofereceu aos  bancos. Os empréstimos baratos para evitar uma crise de crédito – reprimiu de imediato medos, mas na zona euro as questões profundas enraizadas permanecem sem solução.
Os problemas permanecem para a Grécia e outros países da zona euro, incluindo Portugal e Irlanda. Estes países podem precisar de reestruturação adicional, acrescentando que a zona euro não tem os elementos essenciais necessários para uma união monetária bem-sucedida.
O dueto alega que a "divisão pode ser difícil de fazer, mas é melhor do que manter um casamento mau". Para lidar com o que eles defendem como falhas da zona euro de um projeto fundamental, que propõem um "divórcio" em que alguns países - de preferência Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha – deixem a união e um grupo de países permaneçam no euro.
Os retirados devem reequilibrar as suas economias longe do crescimento liderado por dívida para economias baseadas na exportação e rendimento liderado por crescimento enquanto o núcleo deve reequilibrar para a procura doméstica disseram. Sugerem o realinhamento monetário para conseguir isso, mas admitem que não haveria ruturas. No entanto, uma estratégia de saída amigável seria do interesse de todos. Roubini e Das sugerem que todos os contratos existentes sejam denominados em moedas novas, embora os contratos feitos sob lei estrangeira permaneçam denominados em euros.
Admitem que a legalidade teria de ser procurada para esclarecer os detalhes mais promenorizados.Eles sugerem que quaisquer desequilíbrios nos sistemas de pagamento seriam tratados por negociação e compensados ​​entre o BCE e os bancos centrais nacionais.
A dupla escreveu que os bancos e os mercados financeiros representam o mais grave risco para a sua estratégia de saída proposta, mas que a "domesticação" da dívida externa antes de sair seria reduzir as perdas de crédito e risco cambial.
A afirmação frequentemente aplicada a aqueles que propõem uma saída da zona do euro das economias mais fracas tem sido a fuga de capitais que teria lugar em tal escala que os bancos podiam enfrentar o colapso. Roubini e Das concordam que em alguns casos, a nacionalização dos bancos seria necessária, com restrições às retiradas de depósitos temporários e controles de capital.
Em vez de suportar um mau casamento causando miséria para todos os interessados as ​​leis do divórcio ajudariam a alcançar uma separação amigável e a zona euro devia empregar tal estratégia para uma estratégia de saída ordenada "mais cedo ou mais tarde, porque atrasando muitas vezes fica mais cara a quebrar-se", comentaram.

1 comentário:

  1. O poder cambial e monetário são dois instrumentos fundamentais para os governos controlarem as grandezas macro-económicas das suas respetivas economias. O Euro, que foi desenhado em função dos interesses da Alemanha, obrigou que os países aderentes perdessem aquele poder, em favor do BCE, cuja principal função é zelar pela estabilidade dos preços, controlando assim o processo inflacionário. No entanto, falta ao BCE o poder de controlo sobre os orçamentos de cada estado aderente, poder este que lhe foi parcialmente conferido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento.
    Existe, pois, uma contradição estrutural na arquitetura do Euro, que teve como consequência a deriva dos défices públicos e o recurso ao endividamento. Outra contradição situa-se ao nível das disfuncionalidades que o seu câmbio elevado veio provocar em algumas economias, nomeadamente na economia portuguesa, que perdeu competitividade externa com a adesão, desequilibrando negativamente a balança comercial. Com o euro, a evolução das exportações não acompanhou a das importações. Portugal passou a importar muito mais do que exportava. O Euro revelou-se uma moeda de valor muito elevado para o modesto nível da sua produtividade. Era como aquela criança que vestiu o casaco do pai. Ficava-lhe grande demais e tolhia-lhe os movimentos.
    Foi pois um erro estratégico Portugal ter aderido ao Euro. E agora, que já está provado que as medidas de austeridade não vão promover crescimento económico, como pretendem fazer crer os economistas neoliberais e os políticos comprometidos com o capital financeiro, a única saída será a saída do Euro. Com esta solução, o país não irá ficar mais pobre do que ficaria, se se mantivesse no euro, ficando até com uma vantagem acrescida de, através da diminuição dos salários reais e dos rendimentos toda a população, ficar mais competitivo para o exterior. A susequente contração das importações, que ficariam mais caras, impulsionaria a produção de interna.
    Não é um drama sair do Euro. Drama será continuar com esta política suicida de austeridade.

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