quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O REGRESSO AOS MERCADOS POR FRANCISCO LOUÇÃ


De repente aconteceu o impensável! O que Vítor Gaspar e Passos Coelho achavam péssimo, que era renegociar as condições de pagamento e, levar o memorando até ao fim sem qualquer revisão dos prazos aconteceu. E consequentemente outra grande noticia: “Regressámos aos mercados”. Ou seja o dinheiro não chegava e o que tínhamos que pagar não ia existir, então há que empurrar com a barriga para a frente e da pior maneira. Contrair mais dívida e nas mesmas condições. Um embuste, mas que soa a maravilha.
O “regresso aos mercados”, que foi ontem notícia e hoje vai ser comemoração, tornou-se uma cornucópia de excitações. Portugal nos mercados! Milhões a escorrerem para o país sedento, bonança garantida, aleluia, como valeu a pena tudo o que penamos! No frenesim, Vítor Gaspar, besta até à semana passada, passou a bestial. Que esperto, por não ter pedido a extensão dos pagamentos logo que a Grécia o conseguiu! Que genial, por ter sussurrado ao ministro das finanças da Alemanha e ter esperado quietinho pela sua vez! Que mestre que é o Primeiro que o deixa fazer, que esperto que é o Relvas que nos distrai enquanto a gente aplicada faz o seu trabalhinho nos corredores, e eis-nos nos mercados! Bendito mercado que nos dá o pão de cada dia, santificado seja o Vosso nome!
Não se divirta, cara leitora ou leitor. Tudo isto cheira mal demais.
A operação de empréstimo a cinco anos que hoje será concretizada vai-se mesmo realizar como previsto. Não é “mercado” nenhum quem compra os títulos da dívida do Estado português, aliás o “mercado financeiro” é tudo menos uma feira em que se compra e vende aos gritos. Neste caso, é uma operação sindicada, em que quatro bancos vendem os títulos a clientes com os quais já negociaram até há dias os preços e as quantidades. O operação toda é registada em poucos minutos. Esse preço não depende das condições de pagamento da economia em causa, mas antes das garantias que o BCE e as autoridades europeias asseguram: o que quer que aconteça, eles pagam ou garantem que seja paga a conta final. O governo português, pelo seu lado, é generoso como sempre: empresta um bilião ao BANIF (com o dinheiro dos contribuintes) para que o BANIF compre 700 milhões de dívida pública (a juros que vão agravar o endividamento que será cobrado aos contribuintes).
O que temos hoje é portanto uma operação política em que Merkel garante aos eleitores alemães que Portugal não é a Grécia, em que Passos Coelho procura sossegar os autarcas do PSD e em que Paulo Portas se procura safar como puder ser. Benditos mercados que vieram socorrer os aflitos.
É uma operação tanto mais entusiástica e mais gongórica quanto mais fantasiosa. Os benditos mercados sorriem a Portugal, mas os impostos aumentaram este mês cerca de 30 a 40% para muitos dos contribuintes. Os mercados abriram as portas, terminou o sufoco: mas e os salários? Voltam ao que eram? E as pensões? São devolvidas? E o IRS? Vai baixar? E o IVA? Volta atrás? Nada. Nem um cêntimo. Roubado está, roubado fica.  Eles estão a dançar no nosso funeral.
Façamos por isso as contas. Imaginemos que a taxa de juro deste empréstimo a cinco anos seja de 3% (será muito superior). Ou a economia portuguesa cresce pelo menos 3% cada um desses cinco anos (para que as receitas fiscais aumentem também e o Estado possa pagar o serviço da dívida), ou esta operação não pode ser financiada. E Portugal não vai crescer 3% ao ano. Pelo contrário, neste ano de 2013 o produto vai cair pelo menos 2% (e pagar 3% de juro?). E as previsões das próprias instituições credoras são de que Portugal não consegue crescer a esse ritmo, entre outras coisas porque a política de austeridade que é aplicada com a sua bênção provoca recessão. Por outras palavras, isto é uma mistificação: benditos mercados que nos emprestam para que fiquemos a dever cada vez mais.
Alguém notou que hoje o Eurostat anunciou que Portugal é o terceiro país proporcionalmente mais endividado da União Europeia, com mais de 120%? Benditos mercados que tanto pão conseguem levar para casa.
Um dia, o essencial tem de bater à porta: a única renegociação que interessa realmente, porque tem efeitos para a economia, será a reestruturação da dívida que determine o abatimento de uma parte da dívida, a redução dos juros e das regras e a alteração dos prazos. Só assim será possível sacudir o peso da canga da dívida da vida das pessoas, em vez de se continuar a corrida para a bancarrota, acentuada agora com o anunciado corte de 4 biliões (ou seja, mais aumento de impostos ou mais redução do salário indireto e do valor real das pensões). Nada do que é agora feito altera essa evidência: Portugal não pode pagar em 2016 o dobro do que paga agora em serviço de dívida e não pode pagar em 2012 mais de 20 biliões de euros. Atrasar os pagamentos sem alterar a dívida é a estratégia de quem quer enganar os contribuintes.
Por isso, é lamentável mas compreensível a estratégia de António José Seguro, que se veio vangloriar de ter tornado possível a operação de hoje graças ao facto de ter garantido que, se houver mudança de governo, as políticas da troika continuarão a ser aplicadas rigorosamente. A esquerda e o país que luta contra a troika nem precisariam de ser lembrados que precisam de derrotar a estratégia da troika, que é a de Seguro. Mas é vantajoso que sejam os próprios promotores da austeridade e da economia da bancarrota a lembrar-nos o que querem fazer.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A RETER - A FELICIDADE EXIGE VALENTIA


“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…”

Fernando Pessoa

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

INVERNO DE DESCONTENTAMENTO ABRAÇA OS PIIGS


As economias periféricas da Europa enfrentam uma repetição do "inverno do descontentamento" do Reino Unido, com alto desemprego e estagnação do crescimento, de acordo com um relatório da Goldman Sachs. Num relatório sobre a Europa, os analistas da Goldman Sachs disseram que o desemprego elevado na Europa periférica é devido parcialmente a uma correção no valor da "participação do trabalho", a fração da renda que reverte a favor do trabalho na forma de salários.
"A recente acentuada subida das taxas de desemprego na periferia é em parte uma consequência de um aumento do quinhão dos trabalhadores durante a primeira década da união monetária".
"Isto assemelha-se com os ajustes feitos no Reino Unido e em outros lugares durante os anos 1980."
Os analistas dizem que Portugal, Espanha, Itália e Grécia beneficiaram de booms de investimento nos primeiros anos da união monetária, o que impulsionou o crescimento do emprego e dos salários reais. No rescaldo da crise financeira, os países devem fazer um "ajuste doloroso do quinhão do  trabalho" para salários mais baixos e maior desemprego, em comum com o Reino Unido de 1980. O desemprego chegou a 11,8 por cento da população activa na zona Euro em Novembro de 2012, o nível mais alto desde que o euro foi introduzido em 1999, segundo o Eurostat, a agência de estatísticas da UE. No entanto, o desemprego é nitidamente superior à média da zona euro em alguns dos países periféricos da Europa, ocorrendo cerca de 25 por cento em Espanha e na Grécia.

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O SONHO DA DEMOCRACIA EM PORTUGAL QUE NESTE MOMENTO É PROTECTORADO DA TROIKA SEM SOBERANIA NACIONAL


Ia a pé pelo passeio quando fui abordado por um senhor na casa dos 75 anos, vestido sem nódoas mas com roupa bastante gasta, com a gola da camisa já meio gasta de tanto roçar no pescoço e de ter sido lavada e os bolsos das calças com as linhas levantadas. Começando por me pedir muita desculpa por me incomodar, disse que me queria pedir uma coisa, um favor, se eu não me importasse, até que quando lhe pergunto o que queria, olhou para o chão e começou a chorar a dizer que isto é uma vergonha, que tinha muita vergonha mas era para me pedir uma esmola porque não tinha dinheiro. Olho para uma pessoa que tinha idade para ser meu pai a pedir, com bom aspecto, a pedir e a chorar com a vergonha de o fazer e por acaso pensei no legado brilhante dos políticos portugueses. É isto que faz delirar os Soares, os Cavacos, os Coelhos, os Relvas, os Maçons, os Opus Dei. Isto sim, fome, miséria, grande poder para as elites, as nulidades que eles destinam que devem mandar e podem cometer crimes á vontade enquanto outras pessoas andam a pedir, algumas com vergonha de o fazer talvez porque já foram cidadãos com uma vida normal como nós mas que agora, devido aos crimes cometidos pelos neoliberais, acabaram na miséria. A democracia está de parabéns… mas pelos piores motivos e porque de democracia só tem nome, pois isto está a ficar igual a alguns países da América do Sul que já tiveram o problema para onde nos estamos a dirigir. Corrupção, miséria, riqueza extrema, apropriação de bens de empresas públicas por empresas estrangeiras, com a máfia a nunca ser julgada por nada nem os ministros e políticos incapazes a serem metidos na rua.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O REGRESSO À TERRA

Quando os milhões de Bruxelas chegavam às carradas, Portugal vivia numa euforia colectiva. Havia cursos para todos os gostos e feitios, financiados pela União Europeia, a bolsa criava novos-ricos a cada instante e aqueles que beneficiavam com essas regras do jogo faziam questão de ostentar o seu sucesso. A avenida 24 de Julho em Lisboa, por exemplo, em quase todas as noites da semana fazia lembrar um estádio de futebol esgotado. Nesse período, muitos citadinos lançaram a moda de comprar montes alentejanos, pois sentiam-se sufocados com a agitação das cidades. Alguns apenas procuravam um refúgio de fim-de-semana, outros instalavam-se de armas e bagagens com a ajuda das novas tecnologias. Estava a viver-se o início da globalização e os faxes que até então pareciam um instrumento de trabalho muito avançado começavam a ficar para trás, quase como objectos de museu. Alguns anos antes, no início da década dos anos 80, um bispo tinha sobressaído para falar em fome no concelho de Setúbal. Mas em pleno cavaquismo ninguém queria saber do passado. As empresas que tinham lucros impensáveis começaram a exigir aos seus quadros ainda mais lucros. Empresas que facturavam milhões acabavam por despedir funcionários para conseguirem ainda mais lucro. Quantas empresas de consultadoria não surgiram nesse período, anunciando receitas mágicas para mais riqueza? Muitas, seguramente.
Com a actual crise, as palavras desemprego e fome voltaram a estar na ordem do dia. Milhares de pessoas não têm emprego e são obrigadas a recorrer à caridade para darem de comer aos filhos. No campo e nos tais montes, a vida corre a outro ritmo. Um pequeno terreno dá para cultivar algo que se ponha na mesa e as despesas são muito inferiores às das grandes cidades. Nos centros urbanos, filhos voltam a casa dos pais ou juntam-se com amigos para dividirem despesas de habitação e transportes. Mas acredito que muito boa gente não terá outra alternativa que não seja sair da cidade e ir procurar na terra uma forma de vida diferente. à semelhança daqueles emigrantes que voltaram para casa, sem terem conseguido ganhar o suficiente para construírem o seu “chalé”. Em tempo de crise resta sobretudo a solidariedade.

Vitor Rainho

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O FMI (FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL) ACERCA DE NÓS

Em algumas medidas a tomar têm razão, há males que vêm por bem. Quem quiser dar uma vistas de olhos nele basta clicar AQUI para ler o relatório completo.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

SEGUNDO PAULO MORAIS FROFESSOR UNIVERSITÁRIO FRAUDES & FUNDAÇÕES


As fundações públicas devem ser extintas. As fundações privadas sem recursos têm de mudar de nome. E aquelas que, embora dispondo de meios, não perseguem um fim social visível, devem perder o seu estatuto de utilidade pública. Esta verdadeira limpeza levará à eliminação de centenas destas entidades. No final restarão apenas cinco ou seis genuínas fundações. Uma verdadeira fundação é uma entidade cujo instituidor, dispondo de meios avultados, de um fundo, decide disponibilizá-lo à comunidade para perseguir um dado desígnio social, um qualquer benefício coletivo. Nesta perspectiva, as fundações públicas nem sequer são fundações. São departamentos públicos travestidos, cujo estatuto lhes permite viverem de forma clandestina. Os seus directores não estão sujeitos a regras de administração pública. Podem contratar negócios sem qualquer controlo, permitem-se ainda recrutar pessoal sem concurso. Utilizam os seus recursos públicos em função dos seus interesses e dos seus negócios privados. Já quanto às actuais fundações privadas, podemos dividi-las em três grupos. Temos as que pretendem alcançar um fim social útil, mas vivem maioritariamente de recursos públicos. Assim, se não dispõem de fundos próprios, serão instituições de solidariedade, associações, mas jamais fundações. Devem mudar de regime. Há um outro grupo cujos instituidores são pessoas de muitas posses que registam os seus bens em nomes de fundações particulares, mas que nada dão à sociedade. Com este esquema ficam isentos de pagar IRC na sua atividade, os seus terrenos e prédios não pagam impostos como o IMT e o IMI. Até alguns dos seus carros ficam isentos de pagar imposto de circulação e imposto automóvel. Estes cavalheiros conseguem assim um paraíso fiscal próprio, verdadeiras “offshores” em território nacional. Retirem-lhe pois o estatuto de utilidade pública. Feito este expurgo, restará um restrito grupo de entidades criadas por aqueles milionários que decidiram legar parte da sua riqueza em benefício da sociedade que os ajudou a enriquecer. São so casos da Gulbenkian, Champalimaud e poucos mais. Para honrar a sua memória, há que impedir que as suas organizações sejam confundidas com pseudofundações, casas de má fama geridas por oportunistas.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

BILL GROSS DA PIMCO (MAIOR FUNDO DO MUNDO) E AS PREVISÕES PARA 2013

- Retorno de menos de 5% no mercado de obrigações e acções
- Desemprego em 7,5% nos EUA ou mais
- Descida do dólar
- Subida do ouro
- Petróleo acima dos 100 dólares o barril

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

PELA BOCA MORRE O PEIXE (NESTE CASO SR PEDRO PASSOS COELHO)


Ao deixar derrapar a execução orçamental, ao afundar a economia nacional e ao não cumprir os objectivos que se propôs, designadamente não atingindo a meta do défice (4,5%) com que se comprometeu, o Governo incorreu em responsabilidade criminal. Quem o disse não fui eu. Foi o próprio Sr Passos Coelho, num discurso de que o Correio da Manhã de 6/11/2010 publicou os seguintes excertos: “Se nós temos um Orçamento e não o cumprimos, se dissemos que a despesa devia ser de 100 e ela foi de 300, aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa também têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos e pelas suas acções”. “Não podemos permitir que todos aqueles que estão nas empresas privadas ou que estão no Estado fixem objectivos e não os cumpram. Sempre que se falham os objectivos, sempre que a execução do Orçamento derrapa, sempre que arranjamos buracos financeiros onde devíamos estar a criar excedentes de poupança, aquilo que se passa é que há mais pessoas que vão para o desemprego e a economia afunda-se”. “Não se pode permitir que os responsáveis pelos maus resultados andem sempre de espinha direita, como se não fosse nada com eles”. “Quem impõe tantos sacrifícios às pessoas e não cumpre, merece ou não merece ser responsabilizado civil e criminalmente pelos seus actos?” Proféticas palavras! Pois se assim é, aguarde-se que o Sr passos Coelho seja por uma vez coerente e vá entregar-se no posto da G.N.R de Massamá.

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